Brasil goleia, mas críticas à Conmebol marcam rodada da Copa América
- 16/07/2025
Aquecimento em condições precárias
A Seleção Brasileira feminina venceu a Bolívia por 6 a 0 nesta quarta-feira (16), no Estádio Chillogallo, pela segunda rodada da Copa América. Com gols de Luany, Kerolin e Amanda Gutierres, a equipe de Arthur Elias chegou a seis pontos e lidera o Grupo B. Apesar do ótimo desempenho em campo, a partida ficou marcada por protestos contundentes contra a organização do torneio e pelas críticas às condições oferecidas pela Conmebol.
Antes da partida, Brasil e Bolívia foram impedidos de utilizar o gramado para o aquecimento, por decisão da Conmebol, alegando desgaste do campo. As seleções tiveram que dividir um espaço reduzido, em ambiente fechado, o que gerou tensão e desconforto. Ary Borges classificou a situação como “ridícula” e comparou a estrutura à de torneios amadores. “Até na várzea é mais organizado”, afirmou a meia brasileira ao fim da partida.
Após a goleada, Ary usou sua entrevista para questionar diretamente o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. “Gostaria de perguntar se ele conseguiria aquecer em 10 metros quadrados com cheiro de tinta. É desrespeitoso. Tivemos um exemplo na Copa América Masculina. Por que a feminina não tem o mesmo nível?”, desabafou. A jogadora defendeu melhores condições de trabalho e ressaltou que a saúde das atletas está em risco.

Arthur Elias endossa críticas à entidade
O técnico Arthur Elias também manifestou preocupação com a logística do torneio. Segundo ele, uma jogadora quase sofreu lesão durante o aquecimento, e outra sequer teve espaço para se preparar. “É uma questão de saúde. Influencia no desempenho e na integridade física”, disse. Elias destacou que, sem aquecimento adequado, o início da partida é prejudicado tecnicamente e pode acarretar maior número de erros.
Outro ponto de insatisfação foi a atuação da arbitragem e o baixo tempo de bola rolando. Dois gols do Brasil foram anulados de forma polêmica, e as paralisações comprometeram o ritmo do jogo. Elias citou que o primeiro tempo teve menos de 40% de bola em jogo, e o segundo, apenas 32%. “A Fifa recomenda 60%. Isso pode interferir no saldo de gols, que é critério de desempate”, alertou o treinador, pedindo mudanças urgentes.
As críticas também apontaram a disparidade entre as versões masculina e feminina da Copa América. Ary Borges lamentou a falta de igualdade na estrutura. “É inadmissível esse tipo de diferença em 2025. Queremos respeito”, afirmou. O Brasil, mesmo vitorioso, foi unânime em cobrar que as condições para as mulheres sejam minimamente profissionais, especialmente em uma competição continental oficial.
Brasil lidera, mas mantém alerta ligado
Com duas vitórias, oito gols marcados e nenhum sofrido, o Brasil segue invicto e folga na terceira rodada do Grupo B. O próximo compromisso será na terça-feira (22), diante do Paraguai. Apesar da boa fase, a Seleção segue atenta aos bastidores da competição e disposta a denunciar problemas estruturais que comprometem a integridade e o desenvolvimento do futebol feminino na América do Sul.